sexta-feira, 30 de agosto de 2013

rbc-1

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 09 – CONFRONTANDO OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO - 3º TRIM/2013
(Fp 3.17-21)
INTRODUÇÃO
Nesta lição definiremos o termo “confrontar”. Veremos também, a importância de estarmos preparados para
defender a nossa fé com “mansidão e respeito” (I Pe 3.15). Destacaremos quem eram os “inimigos da cruz” de quem se
refere o apóstolo Paulo e quais eram as características que identificavam estes tais, como opositores do verdadeiro
evangelho. Por fim, pontuaremos o que significa ser inimigo da cruz a fim de que possamos hoje distinguir estes hereges
e assim “batalharmos pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3).
I - DEFINIÇÃO DO TERMO “CONFRONTAR”
O Aurélio define a palavra “confrontar” como: “pôr frente a frente”. Já a expressão “confronto” por sua vez
significa: “ato ou efeito de confrontar. Paralelo, comparação”. O sentido é de comparar a tradução com o original para
verificar se estava fiel. Na Teologia, a prática de defender a fé é chamada de “apologia”. Em si esta palavra também
significa “confrontar”, visto que o sentido é de “comparar a interpretação bíblica com o seu sentido original”. O
Dicionário Teológico de Claudionor de Andrade define a apologia da fé cristã como a ciência que tem por objetivo
defender as verdades centrais da fé cristã, mostrando, de forma sistemática, racional e lógica, a veracidade, a
singularidade, a supremacia e a origem divina das Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus e como a nossa única
regra de fé e prática (CLAUDIONOR, 2006, p. 56). O apóstolo Pedro exorta-nos dizendo “estai sempre PREPARADOS
para RESPONDER com MANSIDÃO e TEMOR a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”
(I Pe 3.15-b).
II - O QUE SIGNIFICA SER INIMIGO DA CRUZ
As palavras do apóstolo definem estes homens hereges como “inimigos da cruz de Cristo”. Esta acusação feita
por Paulo indica a corrupção tanto de doutrinas como da prática diária. Eles interpretavam mal a liberdade cristã,
considerando-a liberdade de toda restrição moral (Rm 6.1). Isto significa dizer que, um grupo desses gentios libertinos
não eram diretamente opositores da pessoa de Cristo, e sim, das doutrinas que ensinavam os cristãos a terem uma vida
piedosa. Portanto, “ser inimigo da cruz”, significa querer um cristianismo sem três coisas fundamentais exigidas pelo
próprio Jesus, àqueles que querem segui-lo (Mt 16.24,25).
· Renúncia. “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo” (Mt 16.24-a). Os gnósticos libertinos
desejavam conciliar seguir a Cristo e viver segundo os prazeres carnais. Mas, ser cristão é estar disposto a
renunciar as obras da carne para viver uma vida no Espírito (Rm 6.12-19; 8.1,4; I Pe 1.13-16).
· Sacrifício. “tome sobre si a sua cruz” (Mt 16.24-b). De acordo com a Lei, ao sacrificar um animal, o sacerdote
deveria matá-lo, cortá-lo em pedaços e colocar sobre o altar. Na perspectiva paulina, o culto cristão consiste em
apresentar os nossos corpos em “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.2-b).
· Morte. “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim,
achá-la-á” (Mt 16.25). Essa morte a que Jesus se refere, pode ser tanto a morte do “eu” quanto, se preciso for,
por causa da lealdade a Cristo, sofrer o martírio (Lc 14.26; Gl 2.20; Ap 2.10). O batismo nas águas, uma das
ordenanças de Cristo, é um símbolo da morte e ressurreição que cada discípulo se submete numa confissão
pública de fé da parte daquele que está disposto “a morrer para o mundo e viver para Deus” (Rm 6.4; Cl 2.12).
III - QUEM ERAM OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO EM FILIPOS
3.1 “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando” (Fp 3.18-a). Segundo
Paulo eram muitos aqueles que procuravam perverter o evangelho. Deve-se ressaltar também que esses “inimigos da
cruz” eram crentes professos que viviam no seio da igreja. A Bíblia na versão ARA (Almeida Revista e Atualizada)
traduz (Fp 3.18-a) da seguinte forma: “Pois muitos andam entre nós”. Pela palavras do apóstolo, percebemos que ele já
havia advertido os crentes filipenses a respeito desses homens que propagavam heresias “dos quais muitas vezes vos
disse” (Fp 3.18-b). Infelizmente, tanto externa quanto internamente se levantariam hereges que iriam tentar desfocar o
rebanho com interpretações errôneas do evangelho. Isto fazia o apóstolo Paulo derramar lágrimas pelo cuidado que tinha
com a Igreja de Deus “e agora também digo, chorando” (Fp 3.18-c). Confira também (At 20.31).
3.2 “Que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18). Dois grupos se pessoas se destacam aqui como os “inimigos da
cruz de Cristo” os judaizantes e os gentios gnósticos. Vejamos algumas informações sobre esses no que eles acreditavam:
3.2.1 Os judaizantes. Movimento surgido nas primeiras décadas da Igreja Cristã, cujo objetivo era forçar os crentes
gentios a observar a Lei de Moisés, principalmente a Lei cerimonial, que incluía: a prática da circuncisão, a abstinência de
alguns alimentos e a guarda do sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.16-23). Por isso Paulo se refere a estes como:
“guardai-vos da circuncisão” (Fp 3.2-c). Na verdade, esse movimento pretendia reduzir o Cristianismo a uma mera seita
judaica. Contra esta perspectiva errônea, Paulo se interpôs veementemente em suas cartas (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24),
mostrando que o verdadeiro sentido espiritual da circuncisão é o despojar-se (tirar de sobre si) da carne (Fp 3.3; Cl 2.11).
CIRCUNCISÃO NA CARNE BATISMO ESPIRITUAL
Ritual da Lei (Lv 12.3; Gl 5.3) Doutrina da graça (Rm 6.3-5)
Involuntária (Gn 17.12-14) Voluntário (Rm 4.11)
Ato físico e humano (Lv 12.3; Gn 17.11-a) Ato espiritual e divino (Cl 2.11)
Simbolizava a separação do pecado
(Gn 17.11-b)
Simboliza o sepultamento de uma criatura irregenerada e seu
novo nascimento (Cl 2.12)
Identidade do povo de Israel (Gn 17.10-14; Êx 12.44-49) Identidade da Igreja de Cristo (Gl 6.15; Fp 3.3)
3.2.2 Os gnósticos. Uma heresia dos primórdios do cristianismo. O termo “gnose” do grego gnônis, significa:
“conhecimento, sabedoria”. Portanto, diz respeito a um “pretenso conhecimento da divindade que, esotericamente, se
transmite através da tradição e mediante vários ritos de iniciação”. Esse movimento surgiu a partir de filosofias pagãs
mais antigas que o próprio cristianismo, que floresceram na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. Assim, o gnosticismo uniu a
filosofia pagã com as doutrinas apostólicas do cristianismo, tornando-se uma forte influência na igreja. Vejamos os dois
grupos gnósticos e seus pontos de vista e a perspectiva paulina quanto as suas doutrinas:
PONTOS DE VISTA DOS GNÓSTICOS PERSPECTIVA PAULINA
1) A libertinagem exaltada. Certos mestres gnósticos
ensinavam que “a libertinagem era a lei de Deus”. Como o
corpo era mau, devia ser entregue desenfreadamente aos
seus desejos, pois isto não afetaria em nada o espírito.
Na visão de Paulo o homem é corpo, alma e espírito (I Ts 5.23).
Logo, não há possibilidade de pecar com o corpo e não prejudicar
o espírito (Rm 8.8; II Co 7.1). Ademais, o nosso corpo é templo e
morada do Espírito Santo (I Co 6.19,20).
2) O ascetismo exaltado. Eles ensinavam que, por ser o
corpo essencialmente mau, deveria ser tratado com
severidade, regras rígidas, flagelamento, privações,
isolamento, jejuns forçados, desprezo pelo casamento e
pelo mundo material.
Para Paulo a salvação é pela graça independente das obras da Lei
(Rm 3.28; Ef 2.8); De modo que apesar de ensinar os cristãos a
viverem no Espírito, dominando a sua natureza caída (Rm 8.1;
Gl 5.16), não lhes proibia casar para se satisfazerem sexualmente
com o seu cônjuge (I Co 7.1-4,7,9). O apóstolo não ensinava que a
vida do cristão deveria estar isolada do mundo (I Co 5.9-11;
Fp 2.15).
IV – CARACTERÍSTICAS DOS INIMIGOS DA CRUZ
Paulo exortou os cristãos filipenses a seguirem seu exemplo e dos que procedem como ele (Fp 3.17). No entanto,
a cerca dos hereges, Paulo cita as indicações de como eles agem, a fim de que aqueles servos de Deus soubessem fazer a
diferença entre o verdadeiro e o falso. Eis algumas características dos inimigos da cruz: (1) “cujo Deus é o ventre”
(Fp 3.19-b) - como podemos ver , seu deus, ou seja, o objeto supremo de sua preocupação, era o ventre. A referência não
foi feita apenas à glutonaria, mas os excessos sexuais; (2) “e cuja glória é para confusão deles” (Fp 3.19-c) - A glória
dessa gente não consiste de algum lugar nos lugares celestiais (Ef 1.3) e nem na cruz (Gl 6.14) tampouco de Cristo e de
Deus Pai (I Co 1.30,31). Antes, gloriam-se em si mesmos, no seu próprio intelecto ou em alguma realização que
consideram ser de extremado valor, mas que na opinião paulina “é para confusão deles”; (3) “que só pensam nas coisas
terrenas” (Fp 3.19-d) – Faltava a estes homens o desejo intenso pela aquisição das coisas espirituais, pois faziam do
próprio “eu” e das coisas terrenas o grande alvo da sua existência. Paulo diz que o fim destes “é a perdição” (Fp 3.19-a).
CONCLUSÃO
Não são poucos aqueles que têm se levantado contra o verdadeiro evangelho de Cristo, pregando heresias e
tentando reduzir o cristianismo a dois perigosos extremos: legalismo e a libertinagem. Diante destes dois desafios
devemos como cristãos estar preparados para defender a nossa fé e nos conservarmos “irrepreensíveis para a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5.23).
REFERÊNCIAS
· CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
· ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.