Aula 03 - A MORTE PARA O VERDADEIRO CRISTÃO
3º Trimestre/2012
Texto Básico: 1Co 15:51-57
“Porque para mim o viver e Cristo, e o
morrer é ganho”(Fp 1:21)
INTRODUÇÃO
A Morte é a situação mais difícil que
o ser humano pode enfrentar. Ela é o terrível legado que herdamos dos nossos
primeiros pais, que desobedeceram ao Criador no Éden (Gn 2:15-17; 3:19; Rm
5:12). É o pagamento indesejado que recebemos por ter pecado (Rm 6:23). É o fim
para o qual caminhamos a passos largos (Ec 12:1-7). Mais do que isso, é o
inimigo implacável que vem em nosso encalço para, no inevitável dia do
encontro, nos deixar prostrados (Lc 12:20). É o último inimigo a ser
aniquilado(1Co 15:26). Contudo, para o verdadeiro cristão, a Morte é “lucro”.
Para o apóstolo Paulo a morte não era
uma tragédia. Ele chegou a dizer: ”Para mim o viver é Cristo, e o morrer
é lucro”(Fp 1:21). Para ele, morrer é
partir para estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor(Fp 1:23). Ele desejava,
preferencialmente, estar com o Senhor: “Desejamos, antes, deixar este
corpo, para habitar com o Senhor”(2Co 5:8). Somente aqueles que têm o
Espírito Santo como penhor(2Co 5:5) podem ter essa confiança doalém-túmulo.
O penhor do Espírito é uma garantia de que caminhamos não para um fim tenebroso,
mas para um alvorecer glorioso. Caminhamos não para a morte, mas para a vida
eterna, para habitação de uma mansão permanente. Aqueles que vivem sem essa
garantia se desesperam na hora da morte. Na verdade, eles caminham para um
lugar de trevas, e não para a cidade iluminada; caminham para um lugar de choro
e ranger de dentes, e não para a festa das bodas do Cordeiro; caminham para o
banimento eterno da presença de Deus, e não para o bendito lugar onde Deus
armará seu “tabernáculo” para sempre conosco.
O grande avivalista americano do século
19, Dwight L. Moody, na hora da morte, disse às pessoas que o cercavam: -
Afasta-se a Terra, aproxima-se o Céu, estou entrando na glória. O médico e
pastor galês, Martyn Lloyd-Jones, prolífico escritor, estadista do púlpito
evangélico, depois de uma grande luta contra o câncer, disse para os seus
familiares e paroquianos: - Por favor, não orem mais por minha cura, não me
detenha da glória.
Portanto, o verdadeiro cristão deve
aprender a se comportar adequadamente diante da morte.
I. O QUE É A MORTE
A Morte é, sem dúvida, um dos fatos que
mais intrigam o ser humano. Registros de todas as comunidades humanas, em todas
as épocas, mostram que o tema da morte é uma questão com a qual o ser humano
sempre se depara, sem saber como dela cuidar. Esta perplexidade do ser humano
diante deste tema é, aliás, mais uma demonstração de que a morte surge como um
elemento intruso, inadequado e indevido na existência humana.
A Bíblia mostra claramente que o homem
não foi feito para morrer. O homem foi criado para ser imagem e semelhança de
Deus (Gn 1:26,27), um verdadeiro reflexo da divindade na criação e, por isso, a
eternidade, que é um dos atributos divinos mais proeminentes (Gn 21:33; Dt
33:27), tinha de ser vista no ser humano, ainda que como uma eviternidade, ou
seja, uma existência que tivesse princípio mas não tivesse fim.
No entanto, a morte era uma
possibilidade para o homem, pois o próprio Deus assim o quis, dizendo ao homem
que a morte seria consequência da sua desobediência (Gn 2:17). O primeiro casal
pecou e, como conseqüência do pecado, houve a inserção da morte na existência
humana. Por isso, é dito que o salário do pecado é a morte (Rm 6:23).
Portanto, morte significa separação e,
a partir do pecado, houve, de imediato, uma separação entre Deus e o homem.
Esta separação deu-se logo naquele dia, quando o Senhor Se apresentou no
jardim. A Bíblia diz-nos que o primeiro casal procurou fugir da presença de
Deus (Gn 3:8), a demonstrar, pois, que não havia mais a comunhão entre Deus e o
homem, que o pecado havia produzido a separação entre o Criador e a sua mais
sublime criatura sobre a face da Terra (Is 59:2).
A MORTE deve ser vista sob três aspectos:
1. MORTE ESPIRITUAL. A morte espiritual
é a separação entre Deus e o homem, é a ausência de comunhão entre Deus e o
homem. É chamada de “morte espiritual” porque é o espírito humano que promove
este elo de ligação entre Deus e o homem, daí porque se dizer que, quando o homem
aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador, há a vivificação do espírito (1Co
15:22), bem como que o homem, antes da salvação, está morto em seus delitos e
pecados (Ef 2:1).
Como consequência da morte espiritual,
vemos que houve, também, uma morte moral do ser humano. Tendo sido descoberto
por Deus na sua inútil tentativa de dEle se esconder, o homem é posto diante da
presença do Senhor e vemos, então, não mais o ser que era a imagem e semelhança
de Deus, cônscio de seus deveres e responsabilidades, cientes de seus direitos,
mas alguém que não assume qualquer responsabilidade, que procura culpar o
próximo, mesmo sendo a pessoa que tanto amava. Adão, diante do seu erro, tenta
culpar sua mulher e esta, por sua vez, acusa a serpente.
2. MORTE FÍSICA. A Morte física
foi a segunda espécie de morte que surgiu para o homem, morte esta que não
escolhe idade nem tem uma causa certa ou predeterminada. Ainda que seja por
causas várias, o fato é que ninguém escapa da morte física. Todos quantos
nasceram sobre a Terra, morreram fisicamente, sejam ricos ou pobres, doutos ou
indoutos, homens ou mulheres, fiéis ou infiéis. A morte física é inevitável, é
o resultado de uma sentença dada por Deus a toda a humanidade, através do
primeiro casal(Ec 9:5), algo que somente Cristo mudaria.
Deus determinou que, por causa do
pecado, passasse o ser humano a ter uma degeneração de seu corpo físico, até
que ele se separasse do homem interior (alma e espírito), que é a morte física.
O corpo, feito do pó da terra, teria de voltar a esta terra, voltar a ser pó, o
que ocorreria no momento determinado por Deus, quando, então, ocorreria a
separação entre o homem exterior e o homem interior. Eis a sentença de Deus: “…maldita é a terra por causa de
ti; [...] No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que tornes à terra,
porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás…” (Gn
3:17-19).
É válido enfatizar que a morte física
não estava projetada para o homem, não fazia parte do propósito divino, mas que
é resultado do pecado, consequência do pecado. Assim, quando Deus apresentou o
Seu plano da salvação, esta teria, necessariamente, de propiciar um mecanismo
de erradicação da doença e da morte física. A salvação é o restabelecimento da
comunhão entre Deus e o homem, o retorno à condição originalmente prevista para
o ser humano, demonstrando, desta maneira, tanto a fidelidade divina, quanto a
Sua misericórdia.
3. MORTE ETERNA. Mas, além da morte espiritual e da morte física, a Bíblia fala-nos da
Morte eterna ou “segunda morte” (Ap 20:14), que é a separação eterna de
Deus, resultado da condenação no julgamento final, quando, então, aqueles que
resolveram viver longe da presença de Deus, que recusaram o Seu senhorio em
suas vidas, serão lançados no lago de fogo e de enxofre para todo o sempre,
onde sofrerão eternamente juntamente com Satanás, a Besta, o Falso Profeta e
todos os anjos caídos. Está escrito: “E aquele que não
foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”(Ap 20:15). A
eterna separação de Deus é o destino eterno dos incrédulos. É o que a Bíblia
considera de segunda morte (Ap 20:14). Esta separação é
definitiva e não representa aniquilamento ou fim da existência, mas uma
separação eterna e irreversível de Deus. O pior da condenação é nunca mais ver
a Deus!
II. A VIDA APÓS A MORTE
As pessoas que não acreditam na
existência de Deus, obviamente, negam a ideia de vida após a morte. Outros,
mesmo entre aqueles que se proclamam seguidores de Jesus, ensinam que os
injustos deixarão de existir, quando morrerem. Em contraste, Jesus claramente
ensinou que a existência não cessa com a morte (Mateus 22:31-32; Lucas
16:19-31). O problema fundamental nesta doutrina humana que diz que a
existência cessa com a morte, é o erro de não entender que a morte é uma
separação, e não o fim da existência da pessoa (veja Tiago 2:26). Algumas
igrejas, seguindo doutrinas de homens, negam a existência do Inferno, mas a
Bíblia mostra que todos serão julgados e separados: os justos para a vida
eterna; e os ímpios para o castigo eterno, separados de Deus para sempre (João
5:28-29; Mateus 25:41,46).
1.O que diz o Antigo Testamento. A idéia da imortalidade estava presente tanto na cultura grega quanto na
cultura judaica. A morte é algo que vai contra o projeto original de Deus. E o
homem, no recôndito de seu ser, não aceita a idéia da morte, de forma que não
foi difícil a ele chegar à concepção de que a morte física não poderia ser o
fim de tudo.
No Antigo Testamento, a ideia de
imortalidade estava presente entre os judeus. As Escrituras hebraicas contêm
afirmações a respeito da imortalidade, da existência após a morte física, desde
o seu primeiro escrito, que muitos entendem ter sido o livro de Jó, que teria
sido escrito pelo próprio patriarca ou por Moisés, quando ainda estava entre os
midianitas. Em Jó 19:25-27, o patriarca exclama que sabia que seu Redentor
vivia e que por fim se levantaria sobre a Terra e que, depois de consumida a
sua pele, ainda em sua carne veria a Deus.
Por mais que se especule a respeito
deste texto, por mais que se levantem questionamentos a respeito da passagem,
não há como deixar de ver aqui uma noção de uma imortalidade, de uma existência
depois da morte física (“depois de consumida minha pele”, diz o patriarca).
Esta ideia das Escrituras hebraicas, que perpassará toda a revelação divina
através do Antigo Testamento, sempre traz a ideia de uma nova existência após a
morte física, mas com o mesmo corpo que foi consumido. “Ainda na minha carne,
os meus próprios olhos, e não outros”, dizia o patriarca. Esta mesma crença,
aliás, está presente em Marta, quando Jesus lhe indaga, em Betânia, se cria que
seu irmão Lázaro haveria de ressuscitar (João 11:23,24).
2. O que diz o Novo Testamento. O Novo Testamento é bastante claro no que diz respeito à imortalidade da
alma. Cito alguns textos que ativam a nossa percepção de que a alma sobrevive à
morte (Lc 16:19-31; João 14:1-3; 2Co 5:8; Fp 1:23; 1Ts 4:16,17; Ap 6:9-11).
Quando o
apóstolo Paulo pensava em sua morte, ele afirmou: “...desejamos antes deixar
este corpo, para habitar com o Senhor” (2Co 5:8). Ele também diz que seu desejo
é “partir, e estar com Cristo...” (Fp 1.23). Jesus também disse ao ladrão que
estava morrendo ao lado dele na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc
23:43).
Observação: O Paraíso ou “Seio
de Abraão” (Lc 16:19;23:43) era um lugar intermediário de felicidade, em um dos
lados do Hades (região dos mortos),
onde antes as almas dos salvos aguardavam conscientes a ressurreição (Lc
16:26). Essa região do Hades existiu até o dia
da ressurreição de Cristo, quando eles então ressuscitaram (Mt 27:52,53). O Hades tinha dois lados
separados entre si por um abismo intransponível. O “Seio de Abraão” era
separado do lugar de tormentos. Depois de Cristo, os crentes, quando morrem,
vão direto para o Céu “estar com Cristo” (Fp 1:23; 2Co 5:8). Por outro lado, o lugar de tormentos do Hades ainda existe, e é
aonde os não-salvos vão depois que morrem, para aguardar o Grande Trono Branco (Juízo Final), que acontecerá depois do Milênio,
quando, então, irão de lá para o Inferno (lago de fogo e enxofre), juntamente
com Satanás e seus anjos (Ap 20:5,11-15). Quando Jesus morreu, não foi ao
Inferno, Ele foi ao Hades(Ef
4:9)), esteve no lado chamado “Seio de Abraão” e trouxe
os salvos à ressurreição, e os levou ao Céu (Ef 4:9,10).
Alguns segmentos
cristãos, como, por exemplo, os adventistas do sétimo dia, acreditam que ao morrer
o ser humano a sua alma fica num estado inconsciente, ou seja, ela apenas dorme,
esperando a ressurreição do corpo. Dizem isso com base no texto bíblico de
1Tessalonicesses 4:13-15, quando Paulo se dirige aos cristãos Tessalonicenses,
esclarecendo-lhes acerca
daqueles que morreram fisicamente – “não quero, porém, irmãos, que sejais
ignorantes acerca dos que já dormem...”(1Ts 4:13).
A expressão “dormiam” empregada por
Paulo neste texto tem significado figurado, ou seja, não deve ser considerado
do ponto-de-vista literal. Paulo utiliza-se da expressão “dormiam”
precisamente para mostrar aos crentes de Tessalônica que a morte física para o
crente era um estado de separação da comunidade - mas uma separação temporária,
passageira -, assim como é a separação daquele que dorme dos seus familiares.
Quando dormimos, separamo-nos daqueles com quem convivemos por um período de
tempo, sem, no entanto, deixar de viver, sem que nem sequer deixemos de ter
atividades psíquicas e mentais.
Quando Paulo usa a expressão “dormiam”, em hipótese alguma estava dizendo que, quando uma pessoa morre, ela
passa a ficar inconsciente, a ter um sono espiritual que somente terminará
quando da volta de Cristo ou do julgamento final. Se Paulo estivesse dizendo
isto, estaria contradizendo o próprio Jesus, que, ao relatar a história do rico
e de Lázaro, mostra claramente que, após a morte, a pessoa mantém plenamente a
sua consciência, sendo levada a um lugar(oHades) onde aguardará ou a
primeira ressurreição, ou a ressurreição do último dia (Ap 20:5,12 e 13).
Outrossim, se Paulo estivesse dizendo
que o ser humano, ao morrer, entra num estado de inconsciência, estaria
contradizendo o próprio ministério de Jesus Cristo, que, ao se transfigurar,
conversou e teve a companhia de Elias e de Moisés, tendo este último morrido
fisicamente (Dt 34:5).
Outrossim, se Paulo estivesse dizendo
que o ser humano, ao morrer, entra num estado de inconsciência, estaria
contradizendo o próprio Jesus Cristo que, quando indagado sobre a ressurreição,
pelos saduceus, disse que Deus Se identificou a Moisés como o Deus de Abraão,
Isaque e Jacó porque era um Deus de vivos e não de mortos (Mc 12:27),
acrescentando ainda que eles, saduceus, erravam muito por entenderem que a
morte física era o fim de tudo.
Vemos, portanto, que não há como se
defender que a morte física é uma circunstância de inconsciência por parte do
homem, até porque a morte física é tão somente a separação do corpo do homem
interior, pois o que Deus sentenciou foi o retorno do pó à terra e o homem
interior não veio do pó da terra, mas do fôlego de vida inserido no homem pelo
próprio Deus (Gn 2:7).
Também, o texto de Lucas 16:19-31(“parábola” do rico e do Lázaro), refuta a
doutrina do “sono da alma”, a doutrina de que a alma não é consciente entre a
morte e a ressurreição.
O certo é que
quando Cristo ou Paulo dizia que um morto “dormia” estava usando uma metáfora,
referindo-se ao sono do corpo, que irá ressuscitar e, portanto, quando morto,
fica como se estivesse “dormindo”.
III. MORTE, O INÍCIO DA VIDA ETERNA
A morte é, sem dúvida, um absurdo,
porque não se encontra no plano original de Deus, mas ela não é o fim da
existência, muito pelo contrário, é apenas o início
da eternidade.
1. Esperança, apesar do luto. Embora o salvo tenha grande esperança e alegria ao morrer, os demais que
ficam não deixam de lamentar a partida dele. Sendo um ente querido, a dor é
ainda maior, mesmo que essa pessoa não seja crente (o que, aliás, aumenta ainda
mais a dor para o cristão, por saber que esta separação é definitiva). Quando
Jacó faleceu, por exemplo, José lamentou profundamente a perda de seu pai. O
que se deu com José ante a morte de seu pai é semelhante ao que acontece a
todos os crentes, quando falece um seu ente querido(ver Gn 50:1). Mas, apesar
do luto, há uma esperança.
O apóstolo Paulo ao ensinar os cristãos
de Tessalônica acerca da morte física não admitia que os crentes
tessalonicenses a encarassem da mesma maneira que os demais que não tinham
esperança, que não tinham a compreensão do significado da morte física para o
salvo. Disse ele: “Não quero que sejais ignorantes acerca dos que já dormem
para que não vos entristeçais como os demais, que não têm esperança” (1Ts 4:13). O apóstolo sabia que a tristeza era natural aos que ficavam
vivos diante de uma morte. Não havia como deixar de sentir tristeza diante da
separação de um irmão em Cristo, mormente numa igreja onde havia tanto amor
fraternal como a de Tessalônica.
Jamais se pode exigir de um crente que
não sinta tristeza numa ocasião fúnebre, pois, além da tristeza própria de cada
um, sentimos, em situações como esta, a tristeza de todos os que nos cercam,
num ambiente que aumenta, ainda mais, a tristeza, tanto que Jesus, mesmo
sabendo que ressuscitaria Lázaro, chorou diante do clima fúnebre quatro dias
depois do sepultamento de Lázaro. Se Jesus chorou, quem somos nós para não nos
entristecermos diante disto?
Sentimos tristeza quando alguém querido
se separa fisicamente de nós porque somos humanos e isto é perfeitamente
natural, não residindo aí a diferença entre o crente e o ímpio. O apóstolo
enfatiza que a tristeza do crente, embora natural e perfeitamente compreensível,
não pode ter o mesmo sentido da tristeza do ímpio e é este sentido, este
significado que faz a diferença entre uma e outra. “Não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança”. O crente fica
triste quando alguém morre, mas não pode agir como os ímpios, que não têm
esperança.
A distinção entre a tristeza do crente
e a tristeza do ímpio em ocasiões fúnebres está naesperança que tem o crente de que, além da morte física, existe uma eternidade de
delícias com o Senhor, existe uma plenitude da vida eterna que já começamos a
gozar aqui. O crente sabe que, com a morte física, há tão somente uma passagem
para uma comunhão mais perfeita com o Senhor, é uma etapa a mais na caminhada
rumo à glorificação, quando, então, no dia do arrebatamento da Igreja, tanto
mortos quanto vivos, que agora são filhos de Deus, terão manifestado o que
haverão de ser, pois, quando Cristo Se manifestar, seremos semelhantes a Ele,
porque assim como é O veremos (1João 3:2). Sabendo disso, temos conforto e
consolo face à promessa de nos reunirmos, num corpo glorioso e transformado,
com o Senhor naquele dia em que seremos glorificados.
Portanto, quando estivermos diante de
uma ocasião fúnebre de um servo do Senhor, não devemos nos desesperar, como é
costumeiro ocorrer quando se trata da morte de ímpios ou da reação deles diante
da morte de entes queridos, como estava acontecendo em Tessalônica, mas, pelo
contrário, ainda que entristecidos, porque humanos somos, temos de nos consolar
e nos confortar com a esperança que temos de que Jesus virá buscar a Sua igreja
e que, vivos e mortos, serão reunidos nos ares e se encontrarão com o Senhor,
para vivermos uma plenitude de comunhão com Ele.
A morte física do crente, portanto, não
é apenas um motivo de tristeza, mas uma fonte de esperança e de estímulo e
incentivo em seguirmos ao Senhor até o fim com fidelidade e santidade.
2. A morte de Cristo e a certeza da
vida eterna. A grande diferença entre a fé cristã e
as demais crenças que o homem tem é o fato de que Deus provou a verdade do evangelho
e do perdão dos pecados em Cristo Jesus por intermédio da morte e ressurreição
de Jesus. O apóstolo Paulo disse que a fé cristã seria vã, seria vazia, não
teria qualquer sentido se Cristo não tivesse ressuscitado(cf 1Co 15:14). O
túmulo vazio é a principal e a irrefutável prova de que Cristo é a verdade, que
Seu sacrifício foi aceito por Deus e tem poder para reconciliar a humanidade
com o seu Criador.
Jesus ressuscitou, ou seja, morreu mas
reviveu, e reviveu num corpo glorioso, um corpo que não estava submetido às
leis da natureza, tanto que ingressou em local onde as portas e janelas estavam
fechadas no cenáculo em Jerusalém; desapareceu após abençoar o alimento em
Emaús e subiu aos céus, desafiando a gravidade no monte das Oliveiras. A
ressurreição de Cristo é a comprovação de que Deus irá, também, ressuscitar os
crentes que tiverem morrido até o dia do arrebatamento da Igreja, pois Jesus
prometeu que todos os Seus com Ele viveriam para sempre nas moradas celestiais
que Ele haveria de preparar(cf João 14:1-3).
3. A morte: o desfrutar da vida eterna. A vida não consiste apenas do breve percurso entre o berço e a
sepultura. Há uma dimensão transcendental na vida. Fomos criados à imagem e
semelhança de Deus e temos uma alma imortal. Nossa vida não se milita apenas a
este mundo. O sepulcro frio não é o nosso destino final. Nossa existência não
se finda com a morte. O maior bandeirante do cristianismo, o apóstolo Paulo,
disse que se a nossa esperança se limitar apenas a esta vida, somos os mais
infelizes de todos os homens(1Co 15:19). A crença de que somos apenas matéria,
e de que tudo em nossa vida não passa de reações químicas, leva-nos ao
desespero. A falsa compreensão de que não existe vida depois da morte, e de que
a morte tem o poder de pôr fim à existência carimbada pelo sofrimento, tem
levado muitos indivíduos a saltar no abismo do suicídio em busca
de um alívio ilusório.
Na verdade, a morte não põe um ponto
final na existência(Lc 16:22,23). Do outro lado da sepultura, há uma eternidade
de gozo ou sofrimento, de bem-aventurança ou tormento. Depois da morte, há dois
destinos eternos: Céu ou Inferno. Podemos descrer ou negar isso, mas não
invalidar essa verdade.
CONCLUSÃO
“Preciosa é à vista do Senhor a morte
dos seus santos”(Salmo 116:15). A Morte do justo é de grande valor para Deus. É a
ocasião em que é libertado de todo o mal, e levado vitoriosamente desta vida ao
Céu. Para os salvos, a Morte não é o fim da vida, mas um novo começo. Neste
caso, ela não é um terror (1Co 15:55-57), mas um meio de transição para uma
vida plena de felicidade eterna. Para o salvo, morrer é ser liberto das
aflições deste mundo (2Co 4:17) e do corpo terreno, para ser revestido da vida
e glória celestiais (2Co 5:1-5).
Em fim, para o crente a Morte é a
entrada da Paz (Is 57:1,2) e na glória (Sl 73:24); é ser levado pelos anjos
“para o seio de Abraão” (Lc 16:22); é ir ao “Paraíso” (Lc 23:43); é ir à casa
de nosso Pai, onde há “muitas moradas” (João 14:2); é uma partida
bem-aventurada para estar “com Cristo” (Fp 1:23); é ir “habitar com o Senhor”
(2Co 5:8); é um dormir em Cristo (1Co 15:18; cf João 11:11; 1Ts 4:13); “ é
ganho...ainda muito melhor” (Fp 1:121,23); é a ocasião de receber a “coroa da
justiça” (ler 2Tm 4:8).
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