sábado, 7 de abril de 2012


Lição 01-Introdução ao Apocalipse

Os capítulos 2 e 3 do Livro de Apocalipse contêm sete mensagens, ou cartas, às Sete Igrejas que existiam no extremo oeste da província romana da Ásia menor. Haviam outras Igrejas nessa província, e até maiores, mas estas foram escolhidas para receberem mensagens do Senhor Jesus Cristo, através de João.
E, virando-me, vi sete castiçais de ouro (Apocalipse 1:12).
Os sete castiçais representam as Sete Igrejas da Ásia. Assim, para cada Igreja cumprir sua missão deve ter a presença do Espírito Santo em si, pois sem ela o castiçal não terá luz e, sem luz, não terá motivo de existência.
Outra observação importante é que os sete castiçais eram de ouro, indicando seu grande valor. Afinal, a Igreja é a própria “Noiva de Cristo”.
Todas estas cartas descrevem o estado actual das Igrejas em todos os tempos, do mesmo modo que as advertências e as promessas nelas contidas. A escolha das Igrejas mencionadas faz sobressair sete formas principais do mal da cristandade. Sua mensagem revela, de maneira progressiva, o declínio, a infidelidade e o pecado da cristandade até que não haja mais remédio.
Continuam a ser actuais e urgentes os apelos de Deus aos vencedores, incentivando-os não somente a ouvir o que diz o Espírito, como também a executar Sua palavra, seguindo-O e servindo-O no caminho do trabalho pessoal!
Com o desaparecimento das cidades, foi notório, também, o desaparecimento das Igrejas ali existentes:
- A primeira carta é enviada a Éfeso, uma das principais cidades da Lídia, sede do templo da deusa Diana. A cidade de Éfeso foi destruída pelos godos em 260 A.D.. No fim do século XIX escavações arqueológicas descobriram as suas ruínas. Perto dessas ruínas há hoje uma aldeia chamada Aia Solaque, ou Selçuk, em território da Turquia. A Igreja de Éfeso fora fundada por Paulo.
- A segunda carta foi enviada à Igreja de Esmirna, uma linda cidade do mediterrâneo, chamada a “jóia da Ásia”. Ali se localizou uma Igreja muito fiel a Jesus. A cidade de Esmirna em 1922 foi incendiada pelos turcos, os quais deportaram em massa a população.
O restante da cidade sofreu, em 1928, terríveis danificações causadas por violentos terramotos. Na realidade não mais existe, sendo actualmente representada, qual uma sombra do passado, pela actual cidade de Izmir, na Turquia Asiática.
- A terceira carta foi enviada à Igreja de Pérgamo. Pérgamo era um centro religioso muito importante. O paganismo tinha uma grande vitalidade sob a forma clássica do Culto a Zeus, Dionísio e até o culto ao Imperador Romano. Recentes escavações arqueológicas descobriram templos, altares, monumentos, sinais de esplendor desta cidade…
Hoje existe um amontoado de casas de madeira naquela região. A grande cidade, orgulho do Império Romano, desapareceu… Hoje, existe naquele lugar uma moderna cidade chamada Bergama, na Turquia.
- A quarta carta foi enviada à Igreja de Tiatira. A cidade fora fundada por grego-macedónios. A menos importante das sete cidades. Era uma agitada cidade industrial conhecida pelas suas industrias, tinturarias, tecelagem, fundição, etc.. Tiatira também desapareceu. Apenas fragmentos de colunas e de edifícios restam no lugar hoje chamado Akhisar, onde há uma pequena população cristã, que por certo não representa a Igreja cidadã em Apocalipse.
- A quinta carta foi enviada à Igreja de Sardes. Esta cidade era a ex-capital da Lídia. Era rica e próspera em virtude do comércio têxtil e joalharias. A cidade de Sardes foi destruída em 1402 por Tamertao, o cruel chefe tártaro, temido conquistador de povos.
Suas ruínas atestam a existência de um grande templo com características jónicas, estádio, teatro, e além disso, sinais de templos cristãos. Actualmente existe perto dessas ruínas uma aldeia denominada Sart-Kallessi.
- A sexta carta foi enviada à Igreja de Filadélfia. É a cidade com maior nível cultural pois ela tem os dois maiores centros culturais gregos. Foi construída por Atalo Filadelfo no monte de Tmolus.
No ano 17 A.D. foi destruída por um terramoto, muito frequentes naquela zona. Foi reconstruída e no fim do primeiro século era bem habitada e tinha uma fiel e amorosa igreja cristã. Hoje chama-se Alasheir, uma leve sombra daquele passado remoto.
- A sétima carta foi enviada à Igreja de Laodicéia. Antiga “dióspolis”, cidade consagrada a Zeus, reconstruída por Antico II, que lhe deu o nome de Laodicéia em homenagem à sua mulher Laudice.
Era a cidade principal da Frigia e da Ásia Menor. Cidade muito comercial e industrial. Além dos tecidos, tinha também uma Universidade célebre pelo seu colírio para a cura dos olhos. As suas ruínas chamam-se Eski-Hissar, e estão situadas em território da actual Turquia. A cidade mais próxima é Dnizli. Todas aquelas cidades belas e grandiosas, onde se instalaram as Igrejas do Apocalipse, desapareceram…
Algumas belas lições se podem tirar destas Igrejas:
Éfeso – uma Igreja doutrinariamente sólida e activa, ainda que seu amor tivesse ficado frio. É perigoso permitir que nosso serviço a Deus se torne mecânico e ritual. O primeiro mandamento é amar a Deus com todo o coração. Quando uma Igreja deixa de amar a Deus ela prejudica sua relação com Ele.
Esmirna – os crentes aqui estavam sofrendo perseguição e dificuldades económicas, mas Deus estava orgulhoso deles. O mito que a fidelidade a Deus sempre traz prosperidade e termina o sofrimento é falso.
Pérgamo – esse grupo de crentes permanecia fiel mesmo quando um membro foi martirizado. Mas tinha um grande problema: tolerava o ensino de falsas doutrinas que encorajavam a idolatria e a imoralidade. O Senhor ameaçou fazer guerra contra ela.
Tiatira – essa congregação estava procedendo bem de todos os modos (2:19), mas foi criticada pelo Senhor porque aceitava uma mulher “que a si mesma se declarava profetisa”, que promovia o pecado sexual. As Igrejas têm que rejeitar os membros que encorajam o pecado (Tito 3:10-11).
Sardes – essa Igreja tinha uma grande reputação, mas a realidade desmentia o nome. Não podemos descansar sobre o nosso passado. As Igrejas vivem por causa do seu actual serviço a Deus.
Filadélfia – as duas Igrejas que não foram criticadas (Esmirna e Filadélfia) eram as Igrejas que sofriam perseguição. O Senhor garantiu-lhes de que era Ele quem tinha a chave, e quando Ele abrisse a porta, ninguém seria capaz de a fechar.
Laodicéia – se a autoconfiança fosse o padrão, essa Igreja seria proeminente. Sua autoconfiança era imensa, mas sua falta de fervor tinha deixado o Senhor do lado de fora, batendo na porta para entrar em sua própria Igreja. Arrogância e prosperidade material frequentemente produzem cristãos complacentes.
É bom meditarmos nestas cartas. Quando João, no meio da sua tribulação e por causa do seu testemunho fiel, se encontra exilado e aflito, Cristo, se lhe revela numa atitude de profunda consolação.
Vejamos alguns traços típicos do carácter do Salvador:
- 1. O Seu cuidado para com João (versos 12 e 17)
Aquela expressão que o Mestre tantas vezes usara para tranquilizar os Seus discípulos, a usa aqui: “Não temas”. Isto revela o coração pastoral do Senhor.
- 2. O Seu cuidado para com as Igrejas (versos 13, 16 e 20)
Ele anda no meio dos candeeiros, sustendo nas mãos as sete estrelas. As estrelas são os anjos das Igrejas, os candeeiros são as Igrejas.
Há 3 perguntas importantes a fazer nestas cartas:
- 1. De quem é a mensagem?
De Jesus, vinda da parte de Deus através de um anjo e por meio de João.
- 2. Para quem é a mensagem?
Para os servos de Jesus. Não foi apenas para João, nem para as Sete Igrejas da Ásia somente, mas para todos os servos de Jesus.
- 3. Por que a mensagem foi escrita?
- Para mostrar as coisas que em breve devem acontecer.
- Para animar e abençoar todo aquele que lê, ouve a guarda as palavras deste livro. É o único livro da Bíblia que promete explicitamente semelhante bênção ao leitor.
- Para anunciar que o fim está próximo.
Ao estudarmos com cuidado estas Sete Igrejas, veremos todos os seus problemas: frieza espiritual, imoralidade, infidelidade, legalismo, liberalismo. Todas elas são Igrejas de Cristo e a todas o Senhor adverte, repreende e disciplina, mas não as abandona.
Os elogios e as condenações citadas nestas cartas têm sido proféticos até aos nossos dias. Sempre têm existido:
- Igrejas deixando seu primeiro amor (Éfeso)
- Igrejas perseguidas e tentadas (Esmirna)
- Igrejas mundanas na prática (Pérgamo)
- Igrejas culpadas de ensinos falsos (Tiatira)
- Igrejas que permitem grandes pecados (Sardes)
- Igrejas com pouco poder (Filadélfia)
- Igrejas negando a divindade de Cristo (Laodicéia)
Vale a pena notar que, apesar de suas diferenças, as Sete Igrejas da Ásia têm sete factos que as igualam nas cartas enviadas por Jesus:
- 1. Todas as cartas são dirigidas “ao anjo da Igreja” (Apocalipse 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7 e 14).
- 2. Cada carta traz uma descrição abreviada de seu autor (Apocalipse 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7 e 14).
- 3. Para cada Igreja Jesus afirma “conheço”, referindo-se à situação de cada uma (Apocalipse 2:2, 9, 13, 19; 3:2, 8-10 e 16).
- 4. Todas as cartas trazem apontados os frutos do trabalho de cada Igreja, seja de louvor ou de exortação (Apocalipse  2:4-5, 9, 11, 14, 17, 20, 25: 3:2-3, 8-11, 16, 19-20).
- 5. Cristo lembra que voltará e que a acção plantada por cada Igreja irá trazer a respectiva colheita.
- 6. Todas as Igrejas recebem uma promessa específica para aqueles que vencerem (Apocalipse 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13 e 22)
- 7. A todas as Igrejas Jesus adverte: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às Igrejas” (Apocalipse 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13 e 22).
Por fim, verifiquemos que as Sete Cartas são todas semelhantes em forma e conteúdo. Cristo as envia do Céu às Suas Igrejas. A forma de cada uma das cartas é a mesma, embora certos detalhes variem:
- 1. Endereço – é idêntico em cada carta, excepto no nome da Igreja.
- 2. Remetente – que é Cristo, que começa com uma expressão idêntica “Isto diz o…”, para, em seguida, empregar uma rica variedade de títulos ou designações de Cristo.
- 3. Elogio – mostra o pleno conhecimento de Cristo da Sua Igreja. Como Senhor onisciente, nada escapa à Sua visão. Tudo o que é agradável é generosamente exaltado pelo Mestre, com excepção de Sardes e de Laodicéia, que não receberam nenhuma palavra de louvor.
- 4. Queixa – Cristo seria injusto se não falasse do que lhe desagrada como também do que lhe agrada. Estas cartas trazem uma exposição fiel de faltas e uma repreensão, com excepção de Esmirna e Filadélfia.
- 5. Exortação – Apela ao arrependimento, com uma advertência e/ou encorajamento para ficarem firmes ou serem fiéis, e, termina com “Quem tem ouvidos…”
- 6. Promessa – Bênçãos de vitória pessoal e uma chamada individual concluem cada carta, havendo em cada uma destas uma promessa ao vencedor.

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