sexta-feira, 27 de abril de 2012


Pergamo, a igreja casada com mundo

Subsidio para lição bíblica - 2º trimestre/ 2012

Por: aux. Ofic. Eliel Barbosa
1. PÉRGAMO, CONTEXTO HISTÓRICO.
A semelhança doutras cidades antigas da região, a fundação de Pérgamo está infectada de lendas, motivo por que se torna difícil alguém estabelecer datas e outras circunstâncias interessantes a seu respeito. Sabe-se, porém, com certeza histórica, que ela existia em evidência desde quatrocentos anos a.C. e perdurou outros quatrocentos anos depois de Cristo.
1.2 NOME. PÉRGAMO. O nome significa “alto” ou “elevado”.  O nome “Pérgamo” estava relacionado a “purgo”, isto é, “torre” ou “castelo”. Pérgamo, como observa o W. Gesenius: Foi a “cidadela” de Tróia, e por tal razão tinha este nome.. 
Para os intérpretes históricos, a palavra “Pérgamo” leva outro sentido, isto é, ao invés de “torre” ou “castelo”, traduzem a palavra por “casada”.
Historicamente, nos fins do primeiro, segundo e terceiro séculos, especialmente mediante o gnosticismo libertino, e, profeticamente, na época de Constantino, houve uma espécie de “casamento” entre a igreja e o estado. Sua suposta significação de “casada”: segundo se diz, deriva-se disso.

LOCALIZAÇÃO. Era localizada no reino da Mísia, 20 km ao norte do rio Caicos e 30 km distantes do mar Egeu. Era a mais importante cidade da Mísia, devendo ter em seus tempos áureos uma população de cerca de 160.000 habitantes que, à semelhança dos residentes nas cidades vizinhas, viviam entregues à mais vil idolatria pagã, e ao mesmo tempo brilhavam na prática das artes, das letras e da medicina da época.
POLÍTICA. Há uma lenda que afirma que no VII século a.C., após Alexandre, o Grande, seu general Lisímaco usou Pérgamo como fortaleza, e ali confiou a guarda dum tesouro de 90.000 talentos do valor monetário da época a um general denominado Filetairos, que logo após a morte de Lisímaco autoproclamou-se governador da cidade, tornando Pérgamo a capital de seu reino, em 283 a.C.
A histórica sucessão dos governadores do reino de Pérgamo apresenta a seguinte ordem: Filetairos governou nos anos 283-263 a.C., Êumenes I, nos anos 263-241 a.C., Atalos I, nos anos 241-197 a.C., Êumenes II, nos anos 197-160 a.C., Atalos II, nos anos 160-139 a.C. e Atalos III, nos anos 139-133 a.C.
Havia uma política de boa vizinhança entre o reino de Pérgamo e o Império Romano; e, antes de sua morte, ocorrida em 133 a.C., Atalos III transferiu seus domínios ao poder do império Romano, que reduziu Pérgamo a uma das cidades de sua Província da Ásia; porém, foi nesta época de sua história que a cidade experimentou o seu período áureo.
Afirmam alguns historiadores que o sistema e o uso de pergaminhos para a escrita originou-se em Pérgamo, de quem herdou o nome. Ignoramos ser isto verdadeiro; sabemos, porém, que o pergaminho de peles de animais foi aperfeiçoado de tal modo, a ser a melhor produção de gênero, razão pela qual, afirmam os historiadores, o rei Êumenes II organizou em Pérgamo uma famosa biblioteca, que chegou a catalogar duzentos mil famosos volumes em sua época. Essa biblioteca, após cair Pérgamo em poder dos romanos, foi doada por Marco Antônio, no ano 133 a.C., à sua amante Cleópatra, rainha do Egito, que fez transportar para Alexandria e ali foi destruída por ordem do Califa Omar, em 640 A.D.
RELIGIÃO. O paganismo dominava inteiramente a cidade de Pérgamo, em torno a adoração de Athenas Polias, que era a deusa da guerra; a Zeus, considerado o salvador do mundo; a Baco, o deus do vinho, que ali tinha o apelido de Dionísio; a Hera, a mulher de Zeus, que era a deusa do casamento, e a Esculápio, o deus da medicina.
Com o advento do domínio romano, veio a introdução da adoração ao Imperador, havendo ali, ainda hoje, as ruínas do templo em homenagem a Trajano, somando assim ao paganismo aborígene, mais este rito importado de Roma.
A medicina em Pérgamo tornou-se notável nos tempos áureos da cidade, sendo ali erigido com o nome de Asclépio, um dos maiores e mais famosos hospitais da época, que atraía à cidade muitas pessoas, entre as quais grandes vultos da política, como o próprio César romano.
O tratamento terapêutico no Asclépio era feito à base da fisioterapia, ervas medicinais reconhecidas, massagens, sedativo mediante o uso da música, exercícios físicos, e também vários superstições, entre as quais os choques nervosos, que, na falta da eletricidade, eram usadas duas serpentes postas em frente uma a outra, localizadas num túnel chamado sagrado, em posições, entre as quais o enfermo era levado a passar sem saber da presença das serpentes; e, ao vê-los, dava-se o choque através de susto... Não sendo médico, ignoramos o valor de tal prática com efeitos terapêuticos! Julguem-na as autoridades hodiernas.
De qualquer forma, era tão grande a eficiência do tratamento terapêutico feito no Asclépio, que sua diretoria mandou esculpir sobre o portão principal de entrada, a seguinte lenda: “EM NOME DOS DEUSES, A MORTE NÃO PODE ENTRAR AQUI”. Isto evidencia duas coisas 1) A confiança que tinham nos meios empregados no tratamento de seus clientes; e 2) A superstição idolátrica ali reinante, que lhes dava a crer que toda a sua eficiência era fruto do poder dos deuses.
A FUNDAÇÃO DA IGREJA. Cremos que o cristianismo chegou a Pérgamo como fruto do ministério de Paulo em Éfeso, At 19.10, em sua terceira viagem missionária; e que aquelas tão propagadas falsas doutrinas de Balão e dos nicolaítas, chegaram ali de modo tão insinuantes, a se inocularem na vida daquela igreja cristã primitiva.
3.1 Doutrina de Balaão. Essa doutrina tinha duas vertentes principais, a saber: a idolatria e a prostituição. As suas origens estavam no episódio ocorrido no A.T., quando os filhos de Israel estavam para invadir as campinas de Moabe, que tinha como rei, Balaque (Nm 22.1,2). Este, temendo sobremaneira o povo de Deus, contratou Balaão para amaldiçoar os israelitas (Nm 22.1-7). As intenções de Balaque eram:
  • Ferir o povo e expulsá-lo da terra (Nm 22.6);
  • Conquistar o favor de Balaão mediante pagamento (Nm 22.17);
  • Amaldiçoar o povo de Deus através de sacrifícios a deuses pagãos (Nm 22.41);
  • Insistir com Balaão até que ele o ensinasse a lançar tropeços ao povo (Nm 23.12,13,27);
A princípio, Balaão não satisfez o intento de Balaque e falou o que o Senhor lhe mandara (Nm 2.13-18). Porém, ao ver o prêmio oferecido pelo iníquo rei, o caráter daquele homem não suportou e ele cedeu, ensinando Balaque a lançar tropeços diante do povo de Deus (Nm 31.16). Tais tropeços se manifestaram através do pecado de prostituição, e da idolatria, que causou grande prejuízo entre os israelitas (Nm 25.1-9).
A doutrina de Balaão perpassou os séculos e chegou à época neotestamentária. Tal postura foi adotada pelos falsos mestres que, mercantilistas e avarentos, sem comprometimento algum com Deus e a sua Palavra, perturbavam a igreja primitiva. Eles foram duramente combatidos pelos apóstolos (II Pe 2.15; Jd 11), e pelo próprio Senhor Jesus (Ap 2.14). Ainda hoje existem arautos de Balaão, cujo objetivo é totalmente financeiro e cujos ouvintes estão mergulhados na imoralidade e na idolatria (Rm 16.18; II Tm 3.1-4; II Pe 2.1-3). Mas a recompensa deles não dormita (II Pe 2.4-21; Jd 12,13).
3.2 A doutrina dos Nicolaítas. Não há certeza absoluta quanto à identidade desta seita. Porém alguns estudiosos tentam sugerir esta heresia a Nicolau, prosélito de Antioquia e que foi separado para o diaconato conforme (At 6.5).
Afirmam eles que assim como os doze tiveram um apóstata, assim sucedeu com os sete diáconos, um deles apostatou.
Essa argumentação também não possui respaldo bíblico.
Como já vimos em outra lição, os nicolaítas também perturbavam a igreja de Éfeso (Ap 2.6). Interessante que em Éfeso Jesus falou das obras dos nicolaítas (Ap 2.6), enquanto em Pérgamo o Senhor mencionou a sua doutrina (Ap 2.15). Certamente um ensino perverso, corrupto e lascivo, influenciado pelo gnosticismo, que pregava a malignidade da matéria, chegando à conclusão de que o corpo deveria ser exposto a toda sorte de pecado.
Com respeito a quem foi Antipas, de acordo com Ap 2.13, ele foi um dos milhões de fiéis mártires cristãos, que à semelhança de Paulo, não tiveram suas vidas por preciosas, contanto que cumprissem a missão de que estavam incumbidos por Deus, At 20.22-24, selando assim, com o próprio sangue, a preciosa fé que tinham em Deus. Muitos desses mártires, verdadeiros heróis da fé, estão incluídos na galeria dos anônimos entre os homens, porém seus nomes estão constando do livro da vida do cordeiro, Lc 10.20; Ap 13.8.
De Antipas, porém, sabemos através do livro antigo intitulado “Atos de Antipas”, haver ele sido pastor da igreja em Pérgamo, cujo martírio foi simplesmente desumano no sentido amplo do termo: meteram-no na barriga dum touro de bronze com plena vida e saúde e colocaram aquele touro no fogo até enrubrecer; e, deste modo atroz, ele, fiel até à morte, foi juntar-se aos milhões que aguardam o dia da ressurreição para serem glorificados com a igreja triunfante, Hb 11.39-40. 
1. Uma pedra branca. Relativamente a esta “pedra branca” do texto em foco, há muitas opiniões e formas de interpretações: (a) Conferia-se a pedra branca a um homem que sofrera processo e era absolvido.
 E como prova, levava, então, consigo a pedra para provar que não cometera o crime que se lhe imputara. “Assim, a “pedrinha branca” alude a uma antiga prática judicial da época de João: quando o juiz condenava a alguém, dava-lhe uma pedrinha preta, com o termo da sentença nela escrito; e, quando impronunciava alguém, dava-lhe urna pedrinha branca, com o termo da justificação nela inscrito”. 
E evidente que a aplicação em foco, e as que se seguem, deve haver alusão a uma delas! A promessa deve referir-se a coisa que os cristãos de Pérgamo compreenderiam muito bem.
(b) Era também concedida ao escravo liberto e que agora se tornara cidadão da província. Levava a pedra consigo para provar diante dos anciãos sua cidadania.
(c) Era conferida também ao vencedor de corridas e de lutas, como prova de haver vencido seu opositor. Sempre que este competidor conseguia vencer, ouvia-se dizer: “correu de tal maneira que o alcançou” (1 Co 9. 24b). Isso podia significar tanto uma “coroa de louro”. ou uma “pedrinha branca”.
(d) A pedra da amizade: Dois amigos poderiam como sinal de amizade, partir uma pedra branca pelo meio, e cada um ficava com a metade. Ao se encontrarem, a pedra era refeita, e a amizade continuaria.
e) Também era conferida ao guerreiro quando de volta da batalha e da vitória sobre o inimigo. Esta forma de interpretar o texto se coaduna bem com a tese principal. Nesta passagem, a pedra branca será entregue ao “Vencedor” do inimigo de Deus e dos homens: o diabo (12.11).
2. Um novo nome. “Longe de ser simples etiqueta, pura descrição externa, o nome em toda a extensão das Escrituras tem profundo significado... ele exprime a realidade profunda do ser que o carrega.
Por isso a criação só está completa no momento em que é colocado o nome (. Gn 2. 19). Por outro lado, Deus é “Javé”, isto é, “Ele é”, pois sua realidade é de ser eternamente (Ex 3. 13 e ss).
Por todas estas razões, eliminar o nome é suprimir a existência (cf. 1 Sm 24. 22; 2 Rs 14. 27; Jó 18. 17; Si 83. 5; Is 14. 22; Sf 1). Do ponto de vista divino, o nome de Deus é o nome por excelência. Zc 14. 9(49). 
No presente texto, a promessa de um noVo nome é reafirmada, no capítulo 3. 12 deste livro. Esse nome que a Igreja receberá da parte de Cristo, é sem dúvida, “um nome social”. Isso, se dará, logo após a celebração nupcial nas bodas do Cordeiro.
Esse nome conferirá a Noiva condição de “esposa, mulher do Cordeiro” ( Is 56. 5; ir 15. 16; Ap 2. 17; 3. 12; 19. 12). Não deve ser “Hephzibah” (meu regozijo está nela); nem “Beulah” (ou casada). Is 62. 4. Esse é o de Sião. Essa pedra terá seu valor aumentado com a inscrição misteriosa! Só uma coisa é certa: esse novo nome é uma grande bênção de Deus! (cf. Gu 12. 2 e 17. 5).

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